Juliana Garcia, vítima de tentativa de feminicídio, revela a complexidade psicológica que mantém mulheres em relacionamentos violentos - mesmo sabendo dos riscos.
"Existe algo chamado ciclo de abuso. Relacionamento com esse tipo de gente não é ruim o tempo todo. Se fosse, ninguém ficaria." - Juliana Garcia
Em julho deste ano, as câmeras de segurança de um condomínio em Natal (RN) registraram uma cena chocante: 61 socos em 36 segundos. A vítima, Juliana Garcia, de 35 anos, foi brutalmente agredida pelo ex-companheiro, o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Cabral, dentro de um elevador.
Recentemente, Juliana usou suas redes sociais para explicar uma pergunta que muitos se fazem: por que ela não terminou o relacionamento antes?
O Ciclo do Abuso: Entendendo a Dinâmica
Através de uma caixa de perguntas no Instagram, Juliana respondeu a seguidores sobre sua experiência. Questionada sobre por que permaneceu com o agressor mesmo sabendo de seu comportamento violento, ela explicou:
"Existem mulheres em vários níveis sociais que permanecem nesse tipo de relação, e quem não consegue entender não resta nada a não ser tentar ter respeito e empatia."
Ela destacou que relacionamentos abusivos não são violentos o tempo todo - se fossem, de fato, ninguém permaneceria neles. Essa alternância entre momentos bons e ruins caracteriza o chamado "ciclo de abusos", que mantém as vítimas emocionalmente presas.
A Longa Recuperação Física e Emocional
Além do trauma psicológico, Juliana enfrenta uma recuperação física longa e dolorosa. Ela revelou que precisará se submeter a uma nova cirurgia para correção do desvio de septo, agravado pela agressão, mas só poderá fazê-lo daqui seis meses.
Questionada se havia desmaiado durante os 61 socos, respondeu: "Em momento nenhum eu desmaiei. Foi Deus que cuidou de mim o tempo todo, com certeza."
📊 Dados Alarmantes da Violência Doméstica
A cada 4 minutos, uma mulher é agredida no Brasil
Cerca de 70% dos casos de violência contra mulheres ocorrem por parceiros ou ex-parceiros
O Agressor e as Consequências Legais
Igor Eduardo Cabral, de 29 anos, ex-atleta e autor da agressão, foi preso logo após o incidente e está detido na Cadeia Pública do Rio Grande do Norte. As imagens chocantes do ataque foram decisivas para sua prisão.
O caso se enquadra como tentativa de feminicídio, crime previsto na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) e no Código Penal Brasileiro.
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Ligue 180 - Central de Atendimento à Mulher
Disque 190 em caso de emergência
O relato corajoso de Juliana Garcia nos lembra que julgar as vítimas é ignorar a complexidade da violência doméstica. Compreender o ciclo do abuso é essencial para apoiar adequadamente quem vive essa realidade e construir uma rede de acolhimento eficaz.
A empatia e a informação são os primeiros passos para combater a violência contra a mulher.
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